Quase todos os dias, alguém me manda mensagem ou para na rua para fazer a pergunta que virou passatempo de botequim: “Quem vai ser o próximo prefeito de Porto Seguro?"
Eu, paciente como um padre em confissão, repito a mesma resposta: não sou vidente, não jogo búzios e ainda estamos longe demais das eleições municipais para fingir que 2026 vai ditar 2028. No máximo, a disputa do próximo ano servirá para medir o fôlego do prefeito Jânio Natal e pavimentar — com asfalto público, é claro — a quase certa eleição do filho, Jânio Júnior, como deputado estadual.
AS DIFICULDADES DE CLÁUDIA
Cláudia Oliveira, deputada sebo nas canelas e de currículo movimentado, também deve brigar pela reeleição. O problema é que a sua base em Porto Seguro anda mais dispersa do que bloco de carnaval na quarta-feira de cinzas. E sem os trios elétricos de Robério funcionando bem em Eunápolis, juntar esse povo de novo vai ser como tentar colar ovo quebrado.
De resto, não vejo ACM Neto, Jerônimo Rodrigues, direita, esquerda ou centro com cacife suficiente para apontar o dedo e dizer: “Este será o prefeito(a)”. Até porque Porto Seguro já provou que aqui ideia, projeto ou ideologia valem menos que um cabrito vivo numa festa junina.
OS POSSÍVEIS CANDIDATOS
Em tese, o cardápio de 2028 deve ter quatro ou cinco nomes: Paulinho (a depender do STF e caso JN consiga fazer seu grupo engoli-lo), a própria Cláudia (dependendo muito de Robério e seu fôlego), Ubaldino Júnior, Luigi Rotuno e, talvez, a vereadora Roberta Caires — que pode vir ungida por ACM Neto e Bruno Reis, caso saiam vitoriosos em 2026, o que, sinceramente, não acredito.
Ao menos para mim, o roteiro de 2026 já está escrito: PT abrindo a mala de dinheiro para prefeitos e Jerônimo passando o rolo compressor em cima de todo mundo, com o arrogante ACM Neto colecionando mais uma derrota homérica. Como de sempre.
A CALCULADORA MAIS RÁPIDA
Mas vamos parar de fazer de conta. O certo é que o próximo prefeito(a) de Porto Seguro não será eleito(a) pelas suas ideias ou por qualquer qualidade pessoal. Será eleito(a) pela calculadora. Aqui, a política, implantada pela família Pinto e renovada pelos seus sucessores, virou um jogo onde só existem duas operações: somar e multiplicar** — dinheiro, cargos, favores. Subtração e divisão não estão no teclado.
Vivemos na “terra da descaração”, onde o certo é errado e o errado é aplaudido. O maior estelionato eleitoral recente foi a reeleição do atual prefeito, com mais de 20 mil votos de frente, comprados a preço de mercado e embalados numa narrativa de cidade gigante que “não podia parar”. E realmente não parou… até o dia seguinte à eleição, quando veio o sumiço do gestor, o congelamento das obras e o caos nos serviços públicos.
E aí fica a pergunta: quem, ganhando dinheiro honestamente, vai arriscar 30 milhões de reais numa eleição em Porto Seguro? A resposta é simples: ninguém — exceto os de sempre, que sabem que o investimento se paga. Com lucro altíssimo.
A INCRÍVEL RAPIDEZ DE ROBERTA
Se Roberta entrar mesmo na disputa com sua “calculadora digital de última geração”, a coisa pode até ficar mais imprevisível, mas a fórmula final não muda: ganha quem comprar mais lideranças e mais votos no varejo. O eleitor, feliz e orgulhoso, ainda vai achar que foi mais esperto que o político.
No fim, o resultado é garantido: as velhas raposas continuarão no galinheiro — e o galo ou galinha a ser devorada, mais uma vez, é você, caro leitor ou cara leitora.{/source}