A eficiência é um bicho curioso. Quando a gente se acostuma com ela, nem percebe que existe. É como o ar que a gente respira: só damos valor quando falta. Nos Correios, a gente não respira mais. O que se vê hoje é uma asfixia generalizada, uma operação de desmonte que, para ser sincero, é tão previsível quanto o sol nascer no dia seguinte.
Para quem vive em Porto Seguro, a situação é ainda mais gritante. Horas de fila, Sedex caríssimo e que chega depois da carta normal e uma sensação geral de que o tempo parou, mas só na agência. Aqui as vítimas de maus tratos são tanto os usuários como os funcionários, a cada dia mais atulhados de trabalho, num esforço sobre-humano e compasso de longa espera. O Brasil, que já teve um dos serviços postais mais respeitados da América Latina, agora se contenta em ver o Mercado Livre resolver os problemas que o Estado criou. E o governo? Ah, o governo, ainda mais o do PT!! Ele observa tudo de camarote, talvez até celebrando o sucesso da "privatização" do serviço de entregas, que agora está nas mãos de empresas que realmente entendem a palavra eficiência.
SUCATEAMENTO
O sucateamento dos Correios não é um acidente, nem um mero infortúnio. É uma escolha, uma obra meticulosa de desmonte. E o mais irônico é que, enquanto o serviço público definha, a gente é obrigado a aplaudir a iniciativa privada que, por um acaso, consegue fazer o que o Estado abandonou: entregar uma encomenda no prazo.
A verdade é que o carteiro não toca mais a campainha. Agora, ele manda uma mensagem no WhatsApp perguntando se você pode ir buscar a encomenda, porque a gasolina subiu. E a gente, com a paciência que só o brasileiro tem, vai, porque, afinal de contas, a vida continua. E o que era antes um serviço essencial, hoje é uma piada de mau gosto.
E o pior: a gente nem pode rir muito, porque a fatura da piada chega pelo correio, com juros. Se chegar, né? .