imparcial2

 

Não vou passar o tempo explicando por que voltei a escrever. Quem me conhece, sabe. Quem não conhece, vai conhecer pelo que eu escrever aqui. E uma coisa já aviso: este espaço não é para bajular ninguém. Se alguém acha que minha opinião pode ser comprada com cargo, dinheiro,  favor ou tapinha nas costas, está redondamente enganado.

 

Também não tenho lado político. Não sou “A” nem “B”. Não tenho inimigos e não guardo rusgas pessoais — e não, não estou contra o prefeito Jânio Natal, não haveria por quê. O que me incomoda é apenas outra coisa: é o gestor achar que Porto Seguro é um lugar de idiotas e desinformados. Pode até haver quem insista em ser, mas com certeza não somos todos.

 

O problema não é ele mentir ou prometer e não cumprir, o que o faz com incrível frequência — como no caso da ponte, do secretariado técnico, as Zona Azul ou dos restaurantes populares. O problema é alguém ainda acreditar.

 

O PROBLEMA É COMIGO MESMO

 

E aqui vem a parte mais importante: essa postura crítica não é contra os políticos. É contra mim mesmo. Passei 20 anos convivendo de perto com prefeitos, vereadores e deputados. Sempre com acesso direto, sem intermediários. Inclusive, sim, recebendo verbas institucionais para manter meu jornal. Tudo legal, mas com um preço: perde-se a liberdade de criticar quem paga a conta. Simples assim. Afinal, por que você acha que os sites em geral  se calam sobre os reais problemas das cidades?

 

Eu sei, porque vivi isso. Transformei um jornalzinho de classificados no mais lido do interior baiano. Mas manter um impresso custa caro, e nessa luta pela  sobrevivência a gente cede. Protege quem banca. Ataca quem não banca. E, no fim, não acredita mais nem no que escreve.

 

O RESGATE 

 

Esse jogo definitivamente acabou para mim. Não quero proximidade com políticos — nem Jânio, nem Cláudia, nem Robério, nem ninguém. Quero resgatar minha dignidade e recuperar a luz que me motivou a começar no jornalismo.

 

Amigos? Só família e meia dúzia de pessoas escolhidas a dedo. O resto é o mesmo de sempre: a mão que afaga é a que apedreja.  A boca que elogia na sua frente é a que te apunhala por trás.

 

Não sou pregador da moralidade pública nem salvador da pátria. Estou de volta para um acerto comigo mesmo: reparar erros, colocar princípios acima de personalidades, escrever com honestidade e usar meu dom para buscar uma cidade melhor — e não para apoiar quem não merece.

 

Meu compromisso tem nome e sobrenome: Porto Seguro. E começa pelo reconhecimento de que, se quero mudança, ela precisa começar em mim.

 

Se Porto Seguro não mudar, não é só culpa do prefeito Jânio Natal. É também  culpa minha, é culpa sua.

 

E essa mudança começa aqui.